segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A importância da alimentação das colônias de abelhas durante a entressafra

Nas abelhas, como em todo animal, a capacidade produtiva e reprodutiva está relacionada com a eficiência nutricional. Dotadas de um aparelho bucal lambedor, com raras exceções, as maiores fontes de alimento dos adultos são o néctar e o pólen, que possuem grande variação nutritiva, de acordo com a espécie botânica. O néctar fornece carboidratos e minerais, enquanto o pólen constitui a principal fonte de proteínas, lipídeos, minerais e vitaminas. A quantidade de alimento necessária para as colônias depende da quantidade de cria e abelhas adultas existentes na mesma. No Nordeste, conhecido pelo potencial apícola e diversidade da flora nativa explorada pelas abelhas, existe uma concentração de floradas e alimento para as abelhas no período chuvoso, em contraste com a escassez observada durante o período da estiagem. A insuficiência de alimento nesse período provoca um enfraquecimento das colônias, comprometendo a produção de mel da safra seguinte. Outro efeito da falta de alimento é a perda de colônias, provocada pelo abandono das abelhas, que partem em busca de regiões menos hostis. Devido à sazonalidade na disponibilidade dos recursos naturais e dos problemas encontrados com a deficiência de nutrientes nas colônias, existe a necessidade de se fornecer alimentação alternativa no período da entressafra. Essa alimentação suplementar, além de evitar a desnutrição e o estresse, auxilia na prevenção de doenças e ataques de inimigos naturais. Em algumas ocasiões especiais é necessário também o fornecimento de alimento mesmo com a disponibilidade de flores, a exemplo do que ocorre durante a florada do cipó-uva (Serjania sp.). Esta espécie vegetal, que produz flores no período seco, possibilita a produção de um mel claro, com excelente qualidade e ótimo valor comercial. Entretanto, por não fornecer pólen e por não haver outra florada disponível nesta época, os apicultores necessitam fornecer um alimento protéico suplementar para garantirem uma nutrição adequada das suas colônias. A alimentação das abelhas também se faz necessária durante o período de floração de plantas tóxicas, com o objetivo de desviá-las dessa fonte de alimento; em serviços de polinização de algumas culturas; durante o período de produção de rainhas e pólen; para aumentar o número de colônias no apiário; para incrementar a produção de geléia real; para produzir zangões para acasalamento das rainhas e para recuperação das colônias enfraquecidas. Não existe uma época certa para o fornecimento do alimento, uma vez que este período varia de acordo com a região e o objetivo. A quantidade de cria, o estado geral da colônia, a quantidade e qualidade de néctar e pólen coletados pelas abelhas determinam a necessidade da alimentação suplementar. Sendo assim, o produtor deve ficar atento para o fluxo de alimento nas suas colônias. Vários alimentos substitutos podem ser usados para as abelhas, como misturas contendo farinha de soja, leite em pó e levedura de cerveja. Embora existam várias receitas desenvolvidas para tentar suprir a deficiência nutricional das abelhas no período de escassez de alimento, é necessário que o apicultor procure alternativas regionais para diminuir os custos de produção. No Nordeste, para redução de custos, algumas pesquisas foram realizadas utilizando na alimentação de colônias jatobá (Hymenaea spp.), farinha de casca e semente de acerola (Malpighia glabra), farinha de arroz (Oryza sativa), fubá e farinha de milho (Zea mays); rapadura de cana-de-açúcar; feno das folhas de mandioca (Manihot esculenta); feno das folhas de leucena (Leucaena leucocephala); farinha de vagem de algaroba (Prosopis juliflora); farinha de vagem de bordão-de-velho (Pithecellobium cf. saman) e farelo de babaçu (Orbygnia martiana). Inúmeras outras opções podem ser testadas pelo produtor, que pode buscar novas alternativas em sua região. O importante é não deixar de fornecer uma alimentação alternativa sempre que verificar necessidade.